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OLÁ,

Acervo histórico do Teatro Sérgio Cardoso é aberto ao público

Fundado por Sérgio Cardoso e Nydia Licia, o espaço foi importante para a formação e consolidação da dramaturgia brasileira

Por Redação Bravo!
7 out 2024, 18h40
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Montagem do espetáculo "Quarto de despejo", em 1961. baseado no livro homônimo de Maria Carolina de Jesus (Teatro Bela Vista/arquivo)
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O acervo histórico do Teatro Bela Vista, o atual Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo, agora está disponível para acesso público após a conclusão de um extenso processo de digitalização. O material inclui uma gama de documentos que revelam a história de um dos locais mais importantes da cidade, entre os quais fotografias de montagens e ensaios, textos dramáticos, registros de ensaios, esboços detalhados de figurinos e cenários, além de críticas e reportagens que retratam as atividades culturais ao longo dos anos.

Todo esse conteúdo pode ser acessado no banco de dados da Amabile – Arquivo da Memória Artística Brasileira, mantido pela Unifesp, que se tornou um repositório essencial para pesquisadores e entusiastas da área.

A digitalização foi uma iniciativa liderada por Sylvia Cardoso Leão, filha de Sérgio Cardoso e Nydia Licia, que contou com a colaboração da Grifo Projetos Históricos e Culturais. O financiamento veio do ProAC (Programa de Ação Cultural) do governo estadual. Sylvia assumiu a tarefa de preservar o legado de seus pais, que desempenharam papéis centrais no desenvolvimento da dramaturgia brasileira, especialmente nos anos 1950 e 1960, quando a cena cultural paulistana ainda estava em formação.

Sérgio Cardoso, que dá nome ao teatro desde 1980, é reconhecido por sua dedicação e intensidade nos palcos. Em 1956, ele e Nydia Licia, sua esposa na época, fundaram o Teatro Bela Vista. O local rapidamente se destacou como um centro de inovação e resistência cultural, oferecendo um espaço onde artistas podiam se expressar de forma ousada, mesmo nos tempos da ditadura militar.

O acervo digitalizado conta com mais de 1.200 itens, que não apenas documentam a trajetória do espaço, mas também revelam detalhes da produção artística do casal. Fotografias dos bastidores e de montagens, manuscritos de peças e correspondências revelam a efervescência cultural do período e a forma como os dois, junto a outros colaboradores, ajudaram a construir uma identidade artística para a cidade de São Paulo.

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O processo enfrentou diversos desafios. Iniciado há mais de cinco anos, o projeto foi interrompido, principalmente pela dificuldade de conseguir financiamento durante a pandemia, momento em que os esforços estavam direcionadas em oferecer apoio à classe artística. Em 2022, foi retomado com o suporte do edital, e a digitalização foi concluída em um ano. O processo também inclui a preservação de anotações pessoais de Sérgio Cardoso, que oferecem um vislumbre de seu processo criativo e de sua visão sobre o papel do teatro na sociedade.

Após o divórcio de Sérgio e Nydia, foi ela quem assumiu a gestão do teatro, enfrentando pressões para manter o espaço aberto e em atividade. Afinal, não parecia comum que uma mulher estivesse frente de um negócio dessa magnitude. Sua atuação, no entanto, permitiu que o lugar continuasse a ser um lugar de resistência cultural e um berço para o desenvolvimento da dramaturgia nacional. Além de sua contribuição como atriz e diretora, Nydia mais tarde se destacou na literatura, recebendo o Prêmio Jabuti pela biografia “Raul Cortez – sem medo de se expor“, em que celebra outro ícone dos palcos brasileiros.

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