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OLÁ,

Além de ‘O avesso da pele’: 5 livros censurados recentemente no Brasil

Mesmo com boicote, livro teve aumento de 1400% em vendas e manifesto contra proibição de obras vira pauta na Feira do Livro de Londres

Por Redação Bravo!
Atualizado em 15 mar 2024, 21h15 - Publicado em 15 mar 2024, 09h00
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 (Arte/Redação Bravo!)
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No início do mês, a Secretaria de Estado da Educação do Paraná solicitou o recolhimento das cópias do livro O Avesso da Pele de Jefferson Tenório, da rede pública de ensino. O caso ganhou corpo após um vídeo publicado nas redes sociais por uma diretora de uma escola estadual em Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul. A obra, vencedora do Prêmio Jabuti de 2021, teve sua publicação pela Companhia das Letras.

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Capa do livro “O Avesso da pele” (Companhia das Letras/divulgação)

A trama de O Avesso da Pele se passa em Porto Alegre, nos anos de 1980, e acompanha Pedro, um rapaz que teve o pai, um professor de literatura, assassinado após uma abordagem policial. A partir desse momento, ele passa a investigar as suas origens e o passado de sua família. O livro faz parte do Programa Nacional do Livro Didático do Ministério da Educação, já tendo sido analisado e aprovado por uma bancada de especialistas.

Em nota, a editora repudiou a decisão, argumentando que “ao decidir pelo recolhimento dos livros, a Secretaria de Educação não apenas limita o acesso à informação, mas também mina a autonomia dos educadores e das escolas prevista no PNLD e na legislação educacional.” Como resposta, a empresa também entrou com uma ação judicial contra a decisão e levantou a #EmDefesaDosLivros, que ganhou apoio de outras editoras como a Todavia e também de artistas como Chico Buarque, que fez uma leitura de um trecho da publicação em seu perfil no Instagram:

“Sei que ninguém quer morrer da maneira como você morreu. Um fuzilamento. Sem chances de defesa. Você não teve a mesma chance de Dostoiévski, não é mesmo? Não houve nenhum salvo-conduto. Nada. Nenhum czar para te salvar. Mas sei que, durante a vida, você passou por essas tentativas de fuzilamento. A sua grande obra foi continuar levantando dia após dia. Apesar de tudo, você continuou desafiando a possibilidade de morrer.No Sul do país, um corpo negro será sempre um corpo em risco”

trecho do livro "O Avesso da Pele" escolhido e declamado por Chico Buarque

Poucos dias depois, as Secretarias de Educação de Goiás e do Mato Grosso do Sul seguiram a mesma linha e decidiram remover o livro das escolas estaduais. A escolha chamou atenção por remeter a práticas autoritárias, porém teve um efeito contrário, impulsionando as vendas do livro em 1400% desde então.

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Este, infelizmente, não é um caso isolado do Brasil. Nesta quinta (14), organizações internacionais se uniram para publicar um manifesto contra a onda crescente de censura e boicote de livros durante a Feira do Livro de Londres. Sete instituições brasileiras endossam o documento: a Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf), a Associação Brasileira de Autores de Livros Educacionais (Abrale), a Associação Brasileira de Direitos Reprográficos (ABDR), a Associação Nacional de Livrarias (ANL), a Câmara Brasileira do Livro (CBL), a Liga Brasileira de Editores (Libre) e o Sindicato Nacional do Editores de Livros (SNEL).

“Acreditamos que a sociedade necessita de cidadãos esclarecidos que, com base em conhecimento e informação precisos, façam escolhas e participem do progresso democrático. Autores, editores, livreiros e bibliotecas têm um papel a desempenhar nisso que deve ser reconhecido, valorizado e validado. Sujeitos aos limites estabelecidos pelo direito internacional dos direitos humanos, os autores devem ter garantida a liberdade de expressão. Através de seu trabalho entendemos nossas sociedades, construímos empatia, superamos nossos preconceitos e refletimos sobre ideias provocativas. Portanto, conclamamos governos e todos os outros interessados a ajudar a proteger, defender e promover as três liberdades acima – de expressão, de publicação e de leitura – por lei e na prática”, diz um trecho do documento.

Confira outras obras nacionais censuradas nos últimos anos:

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Capa do livro “Queermuseu” (Queer Museu/reprodução)

Em 2018, novamente motivada por cancelamentos nas redes sociais, cinco câmaras de vereadores de diferentes municípios do Rio Grande do Sul exigiram a retirada do catálogo Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira das bibliotecas públicas locais. A publicação reunia obras e pesquisas da exposição homônima que foi cancelada em Porto Alegre e reaberta no Rio de Janeiro meses depois.  

Em 2019, o ex-prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella ordenou o recolhimento dos exemplares do livro Vingadores, a Cruzada das Crianças, na Bienal do Rio de Janeiro, devido a uma ilustração de dois homens se beijando. A determinação gerou comoção pública, esgotando os exemplares em menos de meia hora.

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(Marvel comics/reprodução)

No mesmo ano, mesmo tendo sido financiado pelo Fundo Municipal de Cultura (FMC), o livro de poesias Beirage, de George Furlan, que fazia críticas ao golpe da ditadura militar e à bancada evangélica foi retirado de circulação das escolas públicas e dos acervos das bibliotecas de São José dos Campos, interior de São Paulo. A acusação era de que a obra extrapolava as “regras da legalidade”. 

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(Editora Kazuá / Editora Aleph/reprodução)
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Em 2023, a Secretaria de Educação de Santa Catarina determinou a retirada de nove títulos das escolas de rede pública, entre eles o best-seller A Química entre Nós, de Larry Young e Brian Alexander, e o clássico Laranja Mecânica, de Anthony Burgess.

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