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Um guia completo para o Festival Nicho Novembro 2023

De 9 a 18/11 o evento ocupa o Centro Cultural São Paulo e o IMS com extensa programação gratuita; saiba tudo aqui

Por Laís Franklin
Atualizado em 10 nov 2023, 15h30 - Publicado em 9 nov 2023, 16h21
DRYGLONGSO, de Cauleen Smith (Divulgação/divulgação)
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Fernanda Lomba tinha uma vasta experiência como produtora de cinema e um incômodo constante: a falta de protagonismo negro nos bastidores do mercado. Ao longo de sua jornada, ela percebeu que o gargalo para que mais profissionais pudessem prosperar estava diretamente ligado à formação e projetos artísticos executivamente bem estruturados. Com sede e pressa de mudança, ela fundou em 2019 o Instituto Nicho 54, a fim de alavancar pessoas negras para posições de liderança criativa, intelectual e econômica na indústria cinematográfica. “O Instituto trabalha a partir de três eixos integrados: formação com aprimoramento das habilidades técnicas, curadoria para ampliar imaginários e mercado, para conectar e expandir parcerias internacionais”, explica Fernanda em entrevista à Bravo!. 

Nos últimos anos, o Nicho 54 já tomou importantes passos como a construção de banco de dados de profissionais negros e a realização de ambientes de mercado para projetos de realizadores racializados. Expandindo ainda mais essas vicências, a partir desta quinta-feira, o instituto ocupa o Centro Cultural São Paulo e o IMS com o Festival Nicho Novembro em uma programação gratuita que se estende de 9 a 18/11.

Em 2022, o festival contemplou 31 filmes de realizadores negros e reuniu mais de mil espectadores. Agora, ele também se desdobra nas frentes de painéis de mercado, estudos de caso, formação de profissionais negros, rodada de negócios com players do mercado, mostra de cinema e fórum de debates sobre a presença negra no audiovisual e na cultura

A curadoria dos 28 filmes presentes na Mostra de Cinema demorou cerca de oito meses para ser concluída e privilegiou a ideia de retrato, abarcando uma diversidade de formatos e gêneros cinematográficos. “A seleção carrega essa marca de obras que se aproximam do retrato de indivíduos, de coletividades e também de lugares. Nesse sentido, a retrospectiva da Firelight Media que estamos trazendo para o nosso festival reforça esse recorte: trata-se de um conjunto de filmes que retratam aspectos e localidades pouco conhecidas dos Estados Unidos”, explica Heitor Augusto, cofundador, curador e programador-chefe da organização. 

BLACK RIO! BLACK POWER!_Emilio Domingos
Cena do filme Black Rio! Black Power! (divulgação/divulgação)
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Uma boa surpresa para incluir na sua agenda é a exibição no dia 10 do documentário Black Rio! Black Power!, de Emílio Domingos. O filme acompanha o impacto dos bailes na música, cultura e luta por justiça racial no Brasil nos anos 1970 a partir da trajetória de Dom Filó e da equipe de som Soul Grand Prix. Destaque no último Festival do Rio, o longa documental fará sua estreia paulistana no festival e tanto o diretor quanto Dom Filó estarão presentes para uma roda de conversa após a sessão. 

Outros debates que prometem reder boas trocas são com Juliana Teixeira, codiretora do filme Geruzinho e Marton Olympio, codiretor de Mergulho. 

O forum de debates irá discutir temas urgentes como os 20 anos da Lei 10.639/2003 e sua condução no ensino superior nos cursos de cinema e audiovisual. O bate-papo acontece dia 14/11, às 10h com Marina Rebelo, Coordenadora-Geral de Ações Afirmativas na Educação (MIR), e Edileuza Penha de Souza, professora (UNB), historiadora e documentarista como debatedores. A mediação é de Thales Vieira, diretor executivo do Observatório da Branquitude. Qualquer marco legal que mira a equidade racial no Brasil precisa ser celebrado, então não seria diferente com a lei que torna obrigatório o ensino da história e da cultura brasileira e afro-indígena. Mas sabemos também que legislações apenas surtem efeito com um trabalho político contínuo. A Lei n. 10639/2003 tem esse compromisso no ensino, retirando-o da esfera da disposição (ou indisposição) do profissional da educação, tornando-o diretriz. Isso é um avanço, pois dá alguma segurança para se trabalhar com esses conteúdos. Contudo, ainda há muito que avançar para alcançarmos uma aplicação plena do que a legislação determina”, completa Heitor.

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Outro momento bastante aguardado do fórum é a publicacão do livro Cinemateca Negra: uma pesquisa escrita e conduzida por Heitor Augusto a partir de uma consolidação de dados das produções negras brasileiras a partir de 1940. O lançamento acontece no dia 17/11 e, no mesmo dia, Bravo! publica com exclusividade um artigo do autor que reflete sobre as descobertas da obra.  

Já no eixo de Mercado, nos dias 14 e 16, respectivamente, Loira Limbal (Firelight Media, EUA) e Audrey Kamga (Arte France, França) falarão sobre experiências globais que podem inspirar e contribuir com a realidade audiovisual brasileira. A Bravo! é media partner do evento e a editora-chefe Laís Franklin fará a mediação das duas mesas.

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O ambiente de Mercado também fará Rodadas de Negócios no dia 16, com a participação de projetos de longa-metragem Documentário e Ficção em etapas de desenvolvimento, produção e pós produção que foram selecionados pelo Instituto junto com os produtores Tuanny Medeiros (Reduto Filmes), Gustavo Amora (COMOVA Filmes) e Jacson Dias (Ponta de Anzol Filmes), que integram a o API (Associação das Produtoras Independentes do Audiovisual Brasileiro), também parceira do Festival. Os projetos selecionados irão participar de reuniões de 10 minutos com players Lira Filmes, WIP Ventures, Coração da Selva, Gullane Entretenimento, Firelight Media e Open Television. Os ingressos para estudos de casos e painéis podem ser obtidos via Sympla

“No passado, fizemos uma ou outra atividade de mercado isoladamente, este ano são quatro áreas nessa programação, criando um ecossistema maior e mais atrativo para players e realizadores”, finaliza Fernanda.

Para brindar toda a experiência de excelência preta, o show de encerramento será com AFROJAM-SP, na Sala Adoniran Barbosa, do CCSP, no sábado (18), às 19h30. Os ingressos são gratuitos estarão disponíveis na Bilheteria (online e física). Nos vemos lá?

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Serviço:
Festival negro de cinema NICHO NOVEMBRO 2023 (5ª edição)
Quando? De 9 a 18 de novembro de 2023
Onde? Centro Cultural São Paulo (CCSP) — Rua Vergueiro, 1000, Paraíso, São Paulo, SP — e Instituto Moreira Salles (IMS Paulista) — Avenida Paulista, 2424, Bela Vista, São Paulo, SP
Programação completa: Festival NICHO NOVEMBRO 2023
Entrada gratuita

 

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