Espacio Secreto: salão de beleza se consolida como espaço cultural
Além de cabelo, bem-estar e maquiagem, o local aposta em shows, exposições e cursos de arte
Desde a sua inauguração em 2016, o salão de beleza Espacio Secreto se consolidou como um espaço voltado para a diversidade cultural, de gênero e sexualidade. A fundadora, Milly Olmos, acredita que sua missão vai além da estética, buscando promover uma sociedade mais inclusiva e acolhedora.
Após se mudar para um ambiente maior, há dois anos, o salão ampliou o escopo e trouxe exposições, shows e cursos de arte para dentro do sobradinho colorido localizado no bairro Jardins, em São Paulo. A proposta tem o objetivo de oferecer uma experiência que vai além dos tratamentos convencionais, criando um ambiente onde a beleza e a expressão artística se encontram.
Não é incomum entrar no salão e se deparar com um happy hour com música ao vivo, grafiteiros renovando as paredes e tatuagens feitas na hora – além de encontrar livros por toda parte. Os eventos foram batizados de “Espacio Buenos Artes”, nome que faz alusão a Buenos Aires, cidade de origem de Milly.
A pauta é pessoal para a especialista, inclusive, porque ela percebe os cortes de cabelo como uma obra de arte. “Vejo o cabelo como uma forma de expressão, mais ligada ao mundo artístico do que ao da moda“, reflete.
Segundo ela, esse modelo de negócio não apenas promove artistas locais e internacionais, mas também reforça o conceito de que a estética pode ir além do visual. “Minha vontade é de celebrar a cultura latino-americana e trazer pessoas que possam colaborar com essa experiência.”
Com isso, a peluqueria, como é carinhosamente chamada pela equipe e clientela, atrai uma gama de pessoas que buscam algo além dos serviços tradicionais. A cantora Filipe Catto e as atrizes Carol Duarte e Luciana Paes, por exemplo, são nomes que já deixaram as madeixas nas mãos de Milly e aproveitaram a programação.
Nos dias 26, 27 e 28 de outubro, o salão será sede de um workshop da tradicional arte de argentina de filete porteño com o artista Cristian Blanco. A técnica de pintura e desenho é típica da cidade de Buenos Aires e caracteriza-se por traços sinuosos, cores vibrantes e elementos florais estilizados.
“Na época da Ditadura Militar, essa arte foi banida porque trazia alegria à população. Aqui no Brasil, há tipografias similares – principalmente aquelas feitas em carrocerias de caminhões. Isso mostra que estamos mais conectados do que imaginamos”, declara.
Surgido no final do século XIX, inicialmente aplicado a carroças e ônibus, o fileteado logo se tornou uma forma de expressão cultural que combina arte popular e identidade local. “A escolha de proporcionar esse curso não é só uma homenagem às minhas raízes, mas uma vontade de aproximar a arte do público mais jovem”, conta a especialista. Para se inscrever, basta entrar em contato com o Espacio Secreto através do Instagram ou Whatsapp.